Um cartunista obsessivo e um poeta que transformou a arquitetura retilínea em verso foram parar na tela do cine Brasília.
Os curtas-metragens "Angeli 24 Horas", de Beth Formaggini, e "Braxília", de Danyella Proença, selecionados para a mostra competitiva do Festival de Brasília, levam o espectador aos recantos escondidos da criação artística.
Ambos os filmes usam a criação de seus personagens como fio condutor da narrativa.
Divulgação
Cena do curta "Angeli 24 Horas", que retrata o cartunista que criou a personagem Rê Bordosa, entre outros
Em "Angeli", temos o cartum da Rê Bordosa e as histórias dos escrotinhos a cobrir a fala acelerada do chargista de tipos urbanos e marginais.
O artista obcecado pela criação, que balança a perna ao ritmo do traços que rabisca, explica o que o move e também o que o paralisa.
"Braxília", por sua vez, é todo alinhavado pelos versos do poeta Nicolas Behr, que, na solidão das superquadras, foi criando poemas como "Entre Quadras":
SQS415F303
SQN303F415
NQS403F315
QQQ313F405
SSS305F413
seria isso
um poema
sobre brasília?
seria um poema?
seria brasília
Ao contrário de Angeli, Behr, "revoltado" na juventude, surge hoje mais sereno --apesar de manter intacta a ironia.
Tanto Beth Formaggini quanto Danyella Proença se mostram mais interessadas em explorar os personagens do que as possibilidades do cinema.
Mas isso, no caso dos documentários, pode ser mais mérito que defeito.
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